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quinta-feira, 22 de setembro de 2016

VIDA QUE AFLORA

Para receber a primavera escolhi um artigo que gosto muito, do livro "Viver em Plenitude", de Richard Simonetti.
Embora o post seja um tanto longo, tenho certeza que a leitura vai valer a pena.

"...Há um interessante artigo da escritora Nardi Reeder Campion, publicado pela revista Seleções, janeiro de 1987, sob o sugestivo título: É Fácil  Ser Feliz.
Ela reporta-se a uma época difícil de sua vida. Havia mudado de cidade em função da atividade profissional do marido. Não conseguira adaptar-se à nova situação. Sentia-se muito deprimida.
Cero dia, arrumando alguns pertences, encontrou um livro encadernado. Era o diário de uma tia avó, já falecida, que morara com seus pais. Lembra-se bem dela, com quem convivera durante sua infância. Seu traço mais marcante era a jovialidade. Além de nunca reclamar, conservara meigo sorriso. Diziam que ela era capaz de ver sempre o lado bom das pessoas.
Curiosa Nardi abriu o diário.
Uma surpresa: em primeiro lugar a tia confessava-se infeliz. Tivera um namorado a quem amara muito. Ele morrera. Sem uma profissão definida, Grace morava com familiares. Nessa dependência, sem realizar seu sonho matrimonial, vivia tormentosa frustração. E escreveu no diário:
"Minha situação não vai mudar, o noivo não vai voltar. Portanto quem deve modificar-se sou eu. Tenho meditado sobre meus problemas. Para superá-los estabelecerei um conhjunto de normas simples que procurarei por em prática. Queira Deus que este plano me liberte da desolação em que vivo".
E transcreveu o que se propunha a cumprir diariamente:
"Fazer algo por outra pessoa".
"Fazer algo por mim mesma".
"Fazer algo que não tenha vontade mas que precisa ser feito".
"Fazer um exercício físico.
"Fazer um exercício mental".
"Fazer uma oração, que inclua agradecimentos a Deus pelas bençãos recebidas".
Grace comentava que se limitara aquelas regras por sentir que representavam uma quantidade praticável.
E anotara sua experiências:
Algo por outra pessoa: comprou mocotó e fez uma geleia para uma amiga doente.
Algo por si mesma: enfeitou um velho chapéu com flores artificiais e um véu; recebeu muitos elogios e considerou bem empregado o dinheiro e o tempo que gastou .
Algo que não tenha vontade mas que precisa ser feito: arrumou um armário de roupa de cama e mesa, lavou três duzias de lençóis e deixou que secassem ao sol e tornou a guarda-los, bem dobrados, com sachês de alfazema.
Exercício físico: começou a jogar croquê e a caminhar até a aldeia, dispensando a charrete.
Ginástica mental: iniciou a leitura, um capítulo diário, do livro "O cavalo Negro", de Charles Dickens, que estava na moda.
Houve problemas com a última norma, a oração. Não conseguia concentrar-se na igreja. Ficava reparando nos outros. Por fim, encontrou a solução. Orava a sós, numa pedra perto do riacho que passava próximo à sua casa. Pedia a Deus que a ajudasse a florescer onde estava plantada. Depois agradecia asa bençãos recebidas, a começar pela família, sem a qual se sentiria abandonada e perdida.

Nardi emocionou-se com a singeleza da tia. Mas esqueceu o assunto. Afinal era uma mulher moderna, que n]ao iria solucionar seus problemas com fórmulas antigas de uma tia solteirona.
No entanto, continuou deprimida e certo dia, em que estava particularmente angustiada, lembrou-se de tias Grace. E se experimentasse sua fórmula? Não custava tentar...
Começou fazendo algo por alguém.
Telefonou para uma vizinha, a sra Phillips, de 85 anos, que estava doente e vivia sozinha. Uma das curiosas frases de tia Grace não lhe saia da cabeça:
"Só eu mesma posso tomar a iniciativa de deixar o sarcófago do egoísmo".  
telefonou para a velhinha. esta a convidou para o chá. Foi um ponto de partida. A sra Phillips ficou encantada por ter com quem conversar. E disse, em meio à conversa:
"Às vezes, o que deve ser feito e não temos vontade é a primeira coisa que devemos fazer, até para que deixemos de nos preocupar com o assunto".
Nardi voltou para casa impressionada com o discernimento da nova amiga. Ela tinha lançado nova luz sobre a terceira regra de tia Grace. Desde a mudança adiava o trabalho de por em ordem uma escrivaninha. resolveu arrumar tudo. Organizou o arquivo. Enfeitou a mesa. Sentiu-se feliz ao terminar a tarefa tantas vezes negligenciada.

Cumprindo a segunda regra preparou um banho de imersão com ervas medicinais. Isto lhe dava enorme be-estar. Em princípio ganhou algumas da sra Phillips. Depois decidiu ela própria cultivá-las. Com as ervas aprendeu a confeccionar sachês aromáticos que oferecia de presente, alegrando as pessoas. Percebeu que fazer algo por si mesma acabava se transformando em fazer algo pelos outros, e vice-versa, enriquecendo sua existência.
Quanto ao exercício físico pensou em correr, mas não levava jeito. O marido sugeriu que andasse.Iria junto. Começaram a fazê-lo pela manhã, antes do café. Descobriram que andar juntos era um estímulo maravilhoso para se comunicarem conversando. Gostaram tanto que substituíram a bebida que costumavam tomar à tarde por outra caminhada.
Para ginástica mental diária matriculou-se num, curso de poesia, cujo professor valorizava a memória. E Nardi desenvolveu-a decorando poesias. depois divertia-se me filas e salas de espera declamando, em pensamento, as poesias decoradas.
Não dispunha de uma pedra à beira do rio para oração, como tia Grace, mas descobriu uma igrejinha humilde, onde se isolava num horário tranquilo. Ali meditava e se ligava ao Céu.
"Será que a vida pode ser vivida de acordo com uma receita?" - pergunta Nardi ao final do artigo.
E responde:
"Só sei que desde que comecei a seguir esses preceitos, tornei-me mais dedicada aos outros e, consequentemente, menos preocupada comigo mesma. Em vez de me lamentar, adotei o lema de tia Grace: "Florescer onde estou plantada".

E você, está pronta para florescer nessa primavera, no lugar em que está plantada?
Eu desejo sinceramente  que sim... (Sônia A)
                                               (imagem google)